Brasileiros diminuem o consumo de carne e produtos à base de vegetais ganham espaço nos mercados. Setor deve movimentar US$ 162 bilhões no mundo nos próximos anos
Em 2022 alcançamos a marca de 8 bilhões de pessoas na Terra e a previsão para 2050 é abrigarmos 10 bilhões. Junto com esse número paira uma preocupação: como alimentar tudo isso de gente e reduzir os impactos no meio ambiente?
Isso envolve, necessariamente, ressignificar a maneira como temos nos alimentado nos últimos séculos. E dietas e produtos plant-based têm sido grandes aliadas nesse desafio e ganhado espaço nas prateleiras e geladeiras de casas ao redor do mundo.
O que é plant-based
O termo plant-based se traduzido ao pé da letra significa “baseado em plantas”, mas, ao contrário do que nome sugere, quem adota uma dieta plant-based não come apenas plantas. Na verdade, é uma dieta focada na ingestão de alimentos naturais e integrais, incluindo frutas, hortaliças, legumes, feijões, castanhas, sementes, entre outros.
Já os produtos plant-based são aqueles que recriam, a partir de ingredientes 100% vegetais, a textura, cor e sabor de alimentos de origem animal, como por exemplo hambúrgueres, salsichas e linguiças feitos a partir da soja, ervilha, feijão, grão-de-bico, dentre outros.
Brasil no contexto plant-based
Segundo relatório da Bloomberg Intelligence, o principal país consumidor de plant-based é os Estados Unidos, seguido de Alemanha, França e Reino Unido.
Já no futuro, de acordo com a Bloomberg Intelligence, a principal região que impulsionará o mercado plant-based é a Ásia, devido ao aumento da população local, podendo chegar a $4,6 bilhões em 2030.
Na América Latina, o Brasil é um dos principais players do mercado, seguido pelo México, Chile e Argentina, que contam com 20%, 14% e 12% de vegetarianos em sua população, respectivamente.
Um levantamento realizado pelo The Good Food Institute Brasil (GFI Brasil) indicou que o consumo das carnes bovina, suína, de frango e de peixe caiu 67% entre os brasileiros na sua última pesquisa realizada em 2022 em relação ao ano anterior.
A mesma pesquisa também notou que, do total de consumidores que diminuíram a carne na alimentação, 47% pretendem reduzir ainda mais em 2023. Hoje, quatro em cada dez pessoas afirmam consumir alternativas vegetais em substituição aos produtos de origem animal pelo menos três vezes por semana.
O aumento do preço da carne é apontado por 45% dos brasileiros que reduziram o consumo de carne nos últimos 12 meses como o principal motivo isolado para esta redução, e é uma motivação mais forte entre a classe C e na região Centro-Oeste.
No entanto, uma grande parcela dos consumidores (36%) afirma ter limitado a ingestão de carne por motivos relacionados à saúde e por uma busca por hábitos mais saudáveis, com a intenção de solucionar problemas específicos (como colesterol alto, má digestão e sobrepeso) e também de melhorar a saúde no geral.
Os vegetais (como legumes, verduras e grãos) ainda se apresentam como a principal alternativa para quem reduz o consumo de carne, mas a carne vegetal também vem ganhando espaço: em 2020, 47% dos brasileiros que reduziram o consumo de carne animal a trocavam exclusivamente por vegetais.
Hoje, esse percentual caiu para 35%, e a carne vegetal, que antes era o principal substituto de apenas 6% dos consumidores, teve um aumento expressivo e se tornou a principal alternativa para 17% dos brasileiros que reduziram a carne animal no prato.
Alguns – grandes números – do mercado plant-based
Uma pesquisa liderada pela Bloomberg Intelligence mostra que o mercado mundial de produtos plant-based deve crescer de US$ 29,4 bilhões em 2020 para US$ 162 bilhões (aproximadamente R$ 847,9 bilhões) em 2030, o que corresponde a 7,7% do mercado mundial de proteínas. O estudo apontou ainda que, até o fim desta década, o mercado global à base de plantas pode crescer até cinco vezes.
Grandes empresas estão respondendo a essa crescente demanda do consumidor no Brasil. A JBS, gigante do setor de carnes, lançou em 2019 uma linha totalmente plant-basead, a Incrível Seara. A empresa ainda comprou por 341 milhões de euros, em 2021, a Vivera, uma fabricante europeia de produtos à base de plantas sediada na Holanda.
A Fazenda do Futuro, startup nacional e líder de mercado plant-based no Brasil, já está presente em mais de 30 países e foi avaliada em R$ 2,2 bilhões. A NotCo, foodtech chilena que produz alternativas à base de plantas para produtos alimentícios de origem animal, recebeu no final do último ano US$ 70 milhões (aproximadamente R$ 367 milhões) em nova rodada de investimento.
A THIS, marca britânica de carne alternativa, levantou no início do ano 15 milhões de euros em uma rodada de investimento e busca expansão internacional. Atualmente, o faturamento anual da empresa já alcançou 24 milhões de euros e foi recentemente nomeada a marca de alimentos e bebidas de crescimento mais rápido do Reino Unido pela empresa de serviços financeiros Alantra.
Fonte: CNN