A inteligência artificial está dominando o mercado de alimentos e bebidas veganos. Desta vez, foi o Bezos Earth Fund que anunciou um investimento de US$ 2 milhões na Food System Innovations (FSI), que trabalhará em parceria com cientistas da Universidade de Stanford. O valor, que faz parte da iniciativa "AI for Climate and Nature Grand Challenge", visa o desenvolvimento de um modelo de Inteligência Artificial (IA) de código aberto focado em um dos maiores desafios do setor de ingredientes: a otimização sensorial de proteínas alternativas. A tecnologia buscará acelerar a criação de produtos plant-based e híbridos com melhor sabor, textura e aceitação pelo consumidor final.

Desenvolvimento A iniciativa surge para preencher uma lacuna crítica no desenvolvimento de produtos, onde a paridade sensorial com produtos de origem animal ainda é a principal barreira para a adoção em massa. O projeto unirá a expertise de Stanford em IA com o programa Nectar, da FSI, que atualmente compila o maior banco de dados público sobre o desempenho sensorial de proteínas alternativas, baseado em testes com milhares de consumidores nos EUA.

O núcleo técnico da proposta é a criação de algoritmos preditivos. A IA não apenas analisará os dados de feedback sensorial do Nectar, mas também os correlacionará com bancos de informações moleculares de aromas e sabores. Na prática, o modelo de código aberto permitirá que formuladores e pesquisadores de P&D prevejam como diferentes combinações de ingredientes e estruturas químicas impactarão o gosto, a textura e a preferência do consumidor, otimizando formulações de forma mais rápida e assertiva.

Anna Thomas, líder técnica do projeto em Stanford, explica que os primeiros estudos já demonstram a capacidade da IA de "ajustar formulações com base em feedback sensorial". Em testes conduzidos pela universidade, o uso de IA na colaboração científica reduziu o tempo de desenvolvimento de produtos em 45%, um ganho de eficiência significativo comparado aos 22% obtidos em colaborações exclusivamente humanas. "Criar ferramentas de IA para o design de proteínas sustentáveis é um passo essencial para a saúde humana e do planeta", afirma Thomas.

Para a indústria, o benefício é duplo: redução de custos em P&D e maior penetração de mercado. “O sabor é a porta de entrada para a adoção do consumidor”, reforça Caroline Cotto, diretora do Nectar. “Os dados que reunimos ajudam a indústria de proteínas sustentáveis a aprimorar formulações e realçar o sabor, tornando alimentos climaticamente responsáveis ainda mais irresistíveis.”

Fechamento Este investimento sinaliza uma tendência clara de uso da IA como ferramenta central no P&D de ingredientes. A FSI é uma das 15 iniciativas selecionadas pelo "AI for Climate and Nature Grand Challenge", um programa de US$ 100 milhões que busca aplicar a IA de forma responsável para enfrentar desafios ambientais. Para o setor de proteínas alternativas, a disponibilização de um modelo de IA de código aberto voltado à formulação sensorial pode democratizar a inovação e acelerar drasticamente o go-to-market de novos produtos que atendam às exigentes demandas do consumidor.