Especialistas discutiram ainda os impactos dos produtos plant-based na saúde e meio-ambiente.
A busca do consumidor por saudabilidade e sustentabilidade na alimentação está trazendo os produtos plant-based para os holofotes em todo o mundo e a indústria alimentícia precisa acompanhar esse rápido movimento – ainda mais acelerado pelos efeitos da pandemia de covid-19.
De acordo com o The Good Food Instituto Brasil (GFI), o mercado de plant-based cresce mais de 7% ao ano, e terá uma expansão anual média de quase 12% até 2027, conforme cálculo do Meticulous Market Research.
Estes expressivos números e estimativas têm chamado a atenção das indústrias de alimentos e bebidas, que já enxergam o grande potencial desse mercado.
Diante disso, o tema do Q&A da FiSA em julho foi plan-based, onde especialistas realizaram uma válida discussão sobre este mercado que não para de crescer.
Participaram deste Q&A:
Segundo a Embrapa, a categoria de produtos plant based existe desde a década de 1970, mas era destinada a um público muito restrito, como veganos e vegetarianos, com uma produção quase que exclusivamente a base de soja.
Mas hoje em dia, este mercado é muito mais amplo, com as pessoas buscando em produtos plant-based as seguintes características: sabor, aroma, textura, ingredientes o mais natural possível e valor nutricional igual ou superior às proteínas animais.
Isso mostra uma significativa mudança no perfil de consumo de alimentos e bebidas. Assim, cabe às empresas estarem atentas a esse potencial mercado e oferecer produtos plant-based cada vez melhores, como salientou Fabrício Ribeiro.
“Mesmo com preços elevados e o problema das questões regulatórias, o mercado de plant-based está caminhando para deixar de ser apenas um nicho e se tornar um caminho sem volta, pois prioriza a questão ambiental (sustentabilidade) e a saúde das pessoas”, afirmou o sócio investidor e diretor comercial da Nude.
Essa também é a visão de Caroline Romero. Segundo ela, o futuro do planeta depende de alimentos plant-based. “Muitos estudos científicos mostram que a dieta planetária será cada vez mais baseada em plantas e vegetais”.
Um outro ponto relatado neste Q&A faz referência aos consumidores de alimentos à base de plantas. Afinal, quais são as semelhanças e diferenças entre flexitariano, vegetariano e vegano?
O ponto em comum entre estes termos relaciona-se ao aumento do consumo de alimentos de origem vegetal. Já as diferenças estão no consumo de produtos de origem animal, como explica Caroline Romero.
Os flexitarianos aumentam o consumo de produtos de origem vegetal com a intenção de reduzir o consumo de alimentos de origem animal, mas não deixam de consumir estes produtos.
Já os vegetarianos, que podem ser ovolactovegetariano e vegetariano estrito, retiram a carne da sua dieta, mas ainda consome derivados de origem animal.
Por fim, os veganos vão além da restrição alimentar de carnes. Eles eliminam do dia a dia tudo que esteja associado à origem animal, desde vestuário até alimentos e produtos de beleza.
A maioria das pessoas opta por ter uma dieta à base de plantas por dois motivos: mais saúde e proteção do meio ambiente. Neste contexto, Carolina Romero explica que o padrão alimentar plant-based significa promover uma redução do consumo de proteínas animais, mas o conceito vai muito além e engloba as características das plantas e vegetais.
“O contexto do padrão alimentar plant-based é trazer para a dieta humana os benefícios dos compostos bioativos presentes nos vegetais. Assim, cabe às indústrias trazer estes compostos para os produtos processados também”, avalia a nutricionista.
Mas, de forma geral, os benefícios de produtos plant-based estão baseados na redução dos fatores de risco associados às doenças crônicas, como obesidade, doenças cardiovasculares e diversos tipos de câncer.
Os demais benefícios estão associados à questão ambiental. A Nude, por exemplo, apresenta em todas as suas caixas de leite de aveia qual é a pegada de carbono que elas emitem durante a fabricação deste produto.
“A nossa ideia é mostrar que trocar um produto de origem animal por um produto de origem vegetal significa reduzir drasticamente as emissões de carbono”, afirma Fabrício Ribeiro.
Neste caso, o sócio da Nude tem a certeza que as proteínas alternativas são a melhor solução para, ao menos, reduzir os efeitos do aquecimento global.
Nos últimos 10 anos, os estudos sobre a microbiota intestinal têm crescido de forma significativa. Estes estudos buscam as melhores formas para manter a simbiose entre os microrganismos e nosso corpo.
Tal fato ganha em importância quando observamos que o intestino é considerado a primeira barreira imunológica do ser humano e, quando apresenta algum problema, pode desencadear uma doença a longo prazo.
“Temos uma grande quantidade de células imunológicas no intestino, mas quando esse tecido tem uma inflamação, a permeabilidade se eleva e permite a passagem de moléculas que não deveriam passar”, explica Caroline Romero.
Neste contexto, muitas pessoas que aumentaram sua preocupação na pandemia, se perguntam: como aumentar a minha imunidade?
Como resposta, a nutricionista e coordenadora científica da HQ Content explica que os carboidratos oferecidos por vegetais e plantas são essenciais para beneficiar a microbiota intestinal e consequentemente melhorar a imunidade. “O uso de plant-based terá impacto direto na saúde das pessoas”, garante.
Para finalizar a enriquecedora discussão deste Q&A, a nutricionista da Regularium Julia Coutinho insere na discussão o tema clean label (rótulo limpo), que está cada dia mais em pauta no mercado de alimentação.
Basicamente, este movimento engloba um termo utilizado para uma nova tendência nutricional de consumo saudável e consciente e, embora ainda não exista legislação a respeito, há basicamente 3 diretrizes que caracterizam este tipo de produto:
O mais interessante é que, segundo a especialista da Regularium, este movimento anda lado a lado com os alimentos plant-based. “Este movimento vem tendo um crescimento quase que exponencial e tem os alimentos à base de plantas os grandes representantes”, analisa.
Mas, apesar destes muitos avanços, a regulamentação de alimentos à base de plantas e a produção de alimentos que realmente tragam os benefícios oferecidos pelos vegetais, sem uso de aditivos sintéticos ou ingredientes que “competem” com estes alimentos, são grandes desafios e precisam ser superados.
Para saber mais, acesse o vídeo do Q&A completo e o White Paper sobre plant-based disponíveis no FiSA BrainBOX, um espaço exclusivo para profissionais que atuam em P&D, Marketing e Regulatório. Acesse aqui e conheça todas as vantagens de fazer parte desta comunidade.