A startup chilena de produtos plant based NotCo, que se uniu recentemente à Kraft Heinz para formar uma joint venture global, prevê dar um salto de R$ 50 milhões para R$ 300 milhões de faturamento no país em três anos, segundo informou com exclusividade ao Bom Gourmet Negócios e à Gazeta do Povo. Parte desse montante virá das vendas da linha completa da marca em supermercados da região Sul do país, que começaram no primeiro trimestre.
Até o final do ano passado, as vendas nos três estados do Sul representavam apenas 3% do faturamento nacional da NotCo. No entanto, com a nova estratégia que trará a linha completa de substitutos à proteína animal, a expectativa é ampliar essa participação para 27%.
Isso porque, até então, apenas alguns produtos chegavam aos supermercados e lojas especializadas da região, com destaque para o NotMilk (leite vegetal), vendido na faixa de R$ 18,50 a embalagem de 1 litro em uma das maiores redes. Com a nova estratégia, o varejo será abastecido também com as variações de maionese (NotMayo), sorvete (NotIceCream), hambúrguer (NotBurger) e carne branca semelhante ao frango (NotChicken).
Também vão chegar aos mercados sulistas, até o final do ano, outros 50 produtos que estão em fase de desenvolvimento no país.
Maurício Alonso, general manager da NotCo no Brasil, explicou que a chegada da linha completa ao Sul do país se deu após constatar um aumento de 30% nas vendas dos produtos na região.
“Até então estávamos presentes em apenas umas 100 lojas de redes nacionais, e agora estamos em quase 700 lojas em dois meses de lançamento. Mas, pretendemos chegar a mais de três mil até o final do ano”, explica.
Entre as redes que já vendem os produtos da NotCo estão o Sam’s Club, Angeloni, Droga Raia, entre outras. Em breve, também serão encontrados nas bandeiras Festval, Muffato, Condor, etc.
A estratégia da NotCo para os três estados do Sul do país também prevê campanhas publicitárias mais intensas, para que as pessoas conheçam mais sobre os produtos vendidos. A expectativa é um crescimento de 1.000% nas vendas – embora não revele o quanto isso significa de volume comercializado.
E o preço?
Esse salto esperado nas vendas da linha completa na região Sul também deve impactar no preço praticado no médio prazo. Isso porque os produtos costumam custar de duas a três vezes mais do que similares de origem animal.
Como citado mais acima, o valor cobrado por uma caixa de leite NotMilk de 1 litro em uma rede sulista é três vezes maior do que o similar. Já o hambúrguer vegetal NotBurger de 200g custa em torno de R$ 19,90, enquanto que um de proteína animal de uma grande processadora de carne bovina sai pela metade do preço.
“Sim, o preço vai cair [com esse aumento nas vendas]. Se pensarmos em cinco a dez anos atrás, quando começou essa tendência em outros lugares do mundo, a diferença era muito maior. Hoje, já podemos ver que, nos Estados Unidos, o leite vegetal custa o mesmo que o de origem animal”, analisa.
Ele ressalta que essa queda no Brasil pode não ser tão grande como lá nos Estados Unidos por conta dos benefícios fiscais que as indústrias processadoras de proteína animal têm por aqui. No entanto, Maurício Alonso afirma que já há produtos da NotCo custando o mesmo ou até menos que similares, como o NotIceCream.
Pesquisa feita pelo Bom Gourmet Negócios no varejo online comprovou que uma embalagem de 473ml do sorvete vegetal da marca já pode ser encontrada na faixa de R$ 24, enquanto que o mesmo de origem animal de uma categoria premium custa a partir de R$ 39,90.
Produção nacional
O aumento esperado no consumo frente à expectativa de queda nos preços também se dá pelo próprio abastecimento da NotCo no mercado nacional. A startup chilena passou a produzir os produtos por aqui há três anos, o que reduziu os custos a mais de 50%.
Ou seja, aquele volume inicial já foi o suficiente para começar um processo de adequação dos preços ao bolso dos brasileiros. E isso deve ser intensificado, segundo o general manager da startup no Brasil.
“Também estamos incentivando as indústrias parceiras nacionais dos nossos produtos a aumentarem a produção, de modo que deixem a proteína animal de lado aos poucos”, conta.
A NotCo produz as cinco variedades de produtos em sete fábricas parceiras no Brasil, em estados das regiões Sul, Sudeste e Centro-oeste. São estas que a startup está incentivando a diminuírem a produção de proteína animal para processarem apenas vegetais.
A crescente demanda projetada de consumo terá, ainda, a homologação de mais uma indústria no país, no estado do Paraná, ainda neste ano. As fábricas parceiras no Brasil abastecem o mercado interno e também exportam o NotMilk para o Chile (sede da NotCo), México e outros mercados internacionais.
Por Guilherme Grandi - Gazeta do Povo