A carne cultivada como alternativa para produção de proteína, costumeiramente chamada de carne de laboratório, pode atender demandas humanas decorrentes do crescimento populacional, da necessidade de conter as mudanças climáticas, da pressão por alimentos mais saudáveis e sustentáveis e de uma regulamentação cada vez mais rigorosa.
A afirmativa foi feita na reunião de diretoria da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), nesta sexta (24) por Luismar Porto, presidente do JBS Biotech Innovation Center, localizado em Florianópolis, e considerado o maior investimento no Brasil para o desenvolvimento e produção de proteína cultivada.
“Alimento vai ter que ser combinado com saúde. As pessoas vão buscar nos alimentos alguma coisa complementar que melhorem sua saúde e sua forma”, disse Porto, ao comentar a necessidade de que o consumidor tenha pleno conhecimento sobre a fabricação de alimentos. O consumidor precisa ter certeza de que aquilo que está consumindo satisfaz a necessidade dele e, por isso, a transparência é fundamental”, acrescentou. “Nossos laboratórios terão paredes de vidro, as pessoas vão poder ver como estamos fazendo, como estamos produzindo a nossa carne cultivada”, destacou.
A implantação do empreendimento no norte da Ilha de Santa Catarina tem um investimento previsto de 62 milhões de dólares e representa uma das duas grandes incursões do grupo JBS, o maior fabricante mundial de proteína animal, no campo da proteína cultivada. O outro investimento de peso foi a aquisição da Biotech Foods, na Espanha, de 41 milhões de dólares.
A empresa, instalada na capital catarinense, representa a participação efetiva de Santa Catarina neste setor da indústria alimentar. O laboratório tem cooperação direta com os Institutos SENAI de Inovação em Sistemas Embarcados (localizado na Capital) e de Tecnologia em Alimentos e Bebidas (com sede em Chapecó) e, segundo Porto, além de pesquisa aplicada no desenvolvimento de novas tecnologias, deverá realizar pesquisa básica.
Conforme o executivo, a produção de proteínas alternativas está em amplo desenvolvimento no planeta e está embasada em três processos – baseada em plantas, fermentação e a cultura celular, também denominada carne biotecnológica, desenvolvida a partir de células-tronco, com o uso de biorreatores.
No mesmo evento, a consultora do Instituto SENAI de Tecnologia em Alimentos e Bebidas Katia Verdi falou sobre as tendências do setor. “As novidades surgem em diversas áreas e são guiadas pelas preferências dos consumidores, ou seja, alimentos mais saudáveis e com produção mais sustentável”, afirmou. “A indústria deve estar atenta ao seu modelo de produção, cuidando de toda a cadeia”, disse.
Para a consultora, o setor deve continuar perseguindo a modernização dos processos produtivos, incorporando mais tecnologia, inteligência de dados, inteligência artificial, de maneira a reduzir custos e aumentar a competitividade.
“A carne cultivada é uma novidade que surge, que se intensifica a cada dia. O tema é extremamente relevante para o desenvolvimento do setor”, observou o presidente da Fiesc, Mario Cezar de Aguiar. “O Instituto Senai em Alimentos está diretamente ligado à inovação e às tendências do setor”, acrescentou.
OCP News