O futuro da produção de ingredientes proteicos e sustentáveis acaba de receber um impulso de US$ 25,6 milhões. O Acetate Consortium, uma iniciativa apoiada pela Fundação Bill & Melinda Gates e pela Fundação Novo Nordisk, anunciou a renovação do investimento para escalar sua tecnologia inovadora que transforma dióxido de carbono (CO₂) em proteínas por meio de fermentação.
O mecanismo técnico por trás da iniciativa é uma mudança de paradigma na fermentação. O processo começa com a conversão eletroquímica do CO₂, transformando-o em acetato. Este composto serve então como a única fonte de carbono para alimentar micro-organismos específicos, que, através da fermentação, produzem uma biomassa com mais de 40% de teor proteico. Esta abordagem não só sequestra carbono, mas também reduz drasticamente a dependência de terras agrícolas, representando uma solução de baixo impacto ambiental para a cadeia de alimentos. Na primeira fase do projeto, os cientistas já validaram a tecnologia em escala piloto, identificando a eletricidade e a infraestrutura como os principais fatores de custo a serem otimizados.
Com o novo aporte financeiro, o consórcio entra em uma fase de escalonamento e, principalmente, de desenvolvimento de produto. O objetivo agora é transformar a biomassa microbiana em ingredientes viáveis, com sabor, textura e apelo sensorial para o consumidor final. Para isso, a iniciativa conta com um grupo de 10 parceiros estratégicos, incluindo gigantes da biotecnologia e fermentação como a Novonesis, fabricantes de alimentos como a Orkla Foods, e o centro de inovação gastronômica Spora, liderado pelo renomado chef Rasmus Munk.
O Acetate Consortium faz parte de um movimento global crescente de foodtechs que exploram a fermentação gasosa e a transformação de carbono em alimentos. No entanto, o seu diferencial está na combinação de capital, expertise científica e foco na aplicação gastronômica desde o início, o que o posiciona de forma privilegiada para acelerar a transição da prova de conceito para o mercado.