A pressão da inflação e uma certa desilusão geral do consumidor estariam causando uma tendência geral de queda no consumo dos produtos plant-based, segundo uma nova pesquisa da Evergi, plataforma de pesquisa do Brightfield Group. “A maré que impulsionava cada vez mais pessoas a fazer a transição para uma dieta à base de plantas, ...mudou!” disse Bethany Gomez, diretora administrativa do Brightfield Group.

“Essa é uma tendência preocupante para a longevidade da categoria, indicando que ela pode estar atingindo seu limite em termos de quanta penetração pode esperar no mercado em geral”.

A Evergi entrevistou 5.210 consumidores americanos com mais de 21 anos e perguntou quais produtos à base de plantas compraram nos últimos três meses e comparou essas respostas com o trimestre anterior. “O que vimos neste trimestre, em particular, é que muitas dessas categorias baseadas em plantas caíram trimestre a trimestre em termos de uso geral [relatado] de adoção do consumidor, e isso foi realmente geral”, disse Gomez. O percentual de queda varia de produto para produto, chegando, em alguns casos, a 25%! Os produtos que apresentaram ligeiro crescimento foram o bacon à base de plantas (+1%) e refeições ou tigelas congeladas à base de plantas (+5%). "É um momento realmente crucial para a indústria", completa Gomez.

Para melhor entender essas mudanças de consumo, a Evergi analisou as diferenças entre os segmentos de consumidores, dividindo os entrevistados em três tipos: veganos, vegetarianos e flexitarianos. Estes últimos, que também compram carne e laticínios, mostraram os maiores declínios nas compras de produtos plant-based e maiores aumentos em produtos de origem animal, incluindo carne vermelha e frango, de acordo com a Evergi.

“Muitos deles ainda acreditam nos benefícios de uma dieta baseada em vegetais, mas devido ao estresse econômico, estão trocando por alternativas mais baratas e não estão tão dispostos a investir em produtos à base de plantas”, disse Gomes. “É um momento realmente crucial para a indústria, porque são esses consumidores os únicos a desenvolver ou quebrar a categoria. E agora, a lealdade deles está vacilando. Eles não estão tão dispostos a investir em produtos à base de plantas, mais caros”.

Gomez também observou que os consumidores considerados “aderentes rápidos” às novas tendências (aqueles que correram para experimentar o Impossible Burger no Burger King, por exemplo) estão deixando o segmento plant-based em maior número. “Eles não estão tão comprometidos com todas as coisas naturais e todas as coisas à base de plantas ou veganas”, disse ela. “Pode ser difícil recuperá-los, porque já foram desiludidos uma vez!”

Mas nem tudo é pessimismo, destacou Gomez, dizendo que os clientes mais fiéis ao segmento de vegetais ainda estão por perto. Gomez observou que é importante lembrar que existem altos e baixos para todas as principais tendências ou categorias emergentes. “Depois de um pico de frenesi, é normal acontecer o que é chamado de ‘A Curva da Desilusão’”, disse ela. “O que se observe nessa hora é um achatamento de tendência, uma sensível diminuição dos novos consumidores entrando na categoria e também há alguns abalos acontecendo”.

À medida que as questões ambientais pesam mais na mente dos consumidores, suas escolhas alimentares se tornarão mais focadas de forma sustentável, criando uma oportunidade para que os produtos à base de plantas em todas as categorias brilhem, observou Gomez.

“Onde as categorias baseadas em plantas ainda têm muitas oportunidades de brilhar é em seus benefícios do ponto de vista ambiental. Muitos dos dados estão mostrando que as crenças subjacentes que estavam levando as pessoas a consumirem carne à base de plantas ainda se mantêm. Eles ainda acreditam que os produtos à base de plantas são mais benéficos para a saúde e mais benéficos para o planeta”, disse Gomez.